sexta-feira, 18 de junho de 2010

ANÁLISE

O curta-metragem inicia-se com a propaganda de cuecas, título deste e imprescindível para o desenrolar da narrativa. A dupla utilização da propaganda no curta-metragem, que aparece no início como uma introdução e no momento em que Giselda assiste novamente à noite; foi necessária para reforçar o título e o tema central, além de demonstrar o caráter humorístico da história.
A cena seguinte, após o letreiro, é o momento em que Martô acabara de chegar na casa de Giselda, e esta vai preparar um lanche para as duas. O visual extremamente arrumado de Martô e de Giselda tem representações distintas para cada uma delas; Martô por ser uma mulher à frente de seu tempo, independente e moderna que já trabalha, por isso uma roupa mais social, e Giselda por ter uma imagem a zelar junto ao seu marido, por ser uma mulher que se arruma especificamente para seu marido. Mas apesar de estarem extremamente arrumadas, ambas estão descalças, característica citada no conto de Luis Fernando Veríssimo e mantida para a adaptação para criar um certo conforto nas duas personagens, por estarem em um ambiente particular.
A visão de Giselda preparando a bandeja de comida serve como uma introdução para a conversa das duas além de quebrar o plano/ contra plano que vem a seguir. Adentramos a sala juntamente como a bandeja, e dessa forma vemos pela primeira vez o principal cenário onde acontece nossa história, além de também vermos Martô pela primeira vez. O ambiente da sala de estar de Giselda nos remete a década de 70 imediatamente, desde a cor da parede, seguida pelos móveis, o sofá, a televisão e as revistas presentes na mesa de centro.
A seguinte conversa entre as duas, gira em torno do dilema de Giselda pela volta da cueca samba-canção na moda. A interpretação teatral das atrizes foi uma forma de representar o caráter humorístico do texto de Veríssimo além de neutralizar a grande quantidade de falas, de uma forma que a atenção estivesse presa em Giselda todo o tempo. Apesar de poder ser visto como um diálogo, a conversa é praticamente um monólogo de Giselda, desabafando suas inquietações e dilemas advindos da cueca samba-canção, enquanto Martô concorda. Giselda só nota sua “confissão” à noite, quando a propaganda que passa na TV novamente, e trás a ela as lembranças do que Martô disse à tarde. Toda fala de Martô, por serem poucas e por em uma delas conter o ponto de virada da narrativa, são mostradas em primeiro plano, como uma forma de sair do monólogo de Giselda e focar nela e em suas reações.
No momento seguinte vemos Giselda e seu marido vendo tv, ele dormindo com sua cueca samba canção. É nessa hora em que ela vê a propaganda novamente e temos a aparição do modelo da propaganda na sala de Giselda, momento em que ela tem uma epifania da confissão de Martô e corre para ligar pra ela. Durante esse momento e quando ela liga para sua amiga, vemos a mudança em seu humor, principalmente quando disca os números no telefone ansiosamente. Giselda percebe que todos os seus temores se tornaram reais e liga para Martô querendo uma explicação, cena final do curta-metragem.
Todos os planos, enquadramentos e movimentos de câmera foram pensados da melhor forma possível para passar os sentimentos e emoções das personagens, principalmente de Giselda. O figurino e o cenário combinados com a iluminação buscaram ambientar e representar melhor cada um dos personagens e suas características.

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